domingo, 31 de agosto de 2014

Autismo e Método Montessori: abrindo o coração - Aniversário de Maria Montessori

          Hoje é comemorado o aniversário de Maria Montessori, e nessa oportunidade gostaria de compartilhar com vocês um pouquinho da minha experiência com esse método que tanto me ajudou e que tanto me auxilia a lidar com as dificuldades impostas pelo autismo. 



Mas por que Método Montessori?

              Como vocês devem saber, eu sou fã de carteirinha do método e as razões serão conhecidas na leitura do presente texto... É importante mencionar que esse método utiliza os sentidos na descoberta e na construção do saber... e sabemos que muitas das nossas crianças autistas possuem grandes dificuldades nessa área, como por exemplo, sensibilidades auditivas, sensibilidades táteis, sensibilidades gustativas que impossibilitam de interagir melhor com o mundo no qual vivem..
              E esse é o meu pensamento: o João Vitor possui autismo, mas antes de ser autista, ele é uma criança e como criança deve sim explorar, perceber e conhecer o mundo que o cerca... E como autista, ele tem pensamento concreto a respeito das coisas e por que não usar um método que parte do sensorial, do concreto para melhor ensiná-lo?

Como Usar o Método Montessori com a criança autista?

            A premissa básica do método Montessori é observar as singularidades da criança... E nesse sentido, é a criança quem vai determinar o que e como deve ser ensinado; é a criança quem vai ditar o tempo que devem contemplar cada atividade; é a criança que vai demonstrar se é possível seguir em frente com o ensinamento transmitido ou não... A criança é quem comanda toda a construção da aprendizagem e aqui encontramos algo muito importante no que diz respeito aos temas de fixações que as crianças portadoras de autismo ostentam...
       Todos sabemos que as pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autismo tem "ilhas de conhecimento" tais que as tornam especialistas em determinados assuntos... E na minha humilde opinião, esse interesse da criança autista pode ser considerado um ponto de partida, um facilitador no processo de aprendizagem.. Esse é o nosso ponto de partida, mas podemos acrescentar aos poucos outros elementos que contribuem na ampliação do tema apresentado e o método Montessori, por trabalhar eminentemente a percepção e os sentidos no processo de aprendizagem, contribui e muito nesse processo...
         Permita-me explicar melhor meu ponto de vista: nas atividades propostas para o João Vitor, parto sempre de um dos interesses dele e procuro inter-contextualizar essas ilhas de conhecimento, relacionando a um novo assunto a esse tema de interesse dele... Por exemplo, ao apresentar uma atividade que trabalha com plantas, na maior parte das vezes, apresento um Brontossauro junto.. Tudo porque os dinossauros são um dos temas de interesse dele e o estudo com plantas passa a ser visto de forma atrativa, porque está relacionado a um assunto que ele tanto gosta.. O mesmo acontece quando me refiro a animais que se alimentam de plantas, como as girafas... 
           E qual a metodologia que utilizo? Toda criança gosta de brincar; então, as atividades apresentadas estão contextualizadas numa brincadeira e o ensino se faz por meio de atividades lúdicas.. O João Vitor aprende brincando por meio dos cinco sentidos... 
            Nesse entendimento, a abordagem é tão importante quanto o tema a ser estudado, porque é ela quem determina a eficiência e a eficácia do método de estudo... Se uma criança não se interessar pelo que lhe é apresentado, possivelmente não vai querer participar da realização dessa atividade e vai frustrar todos objetivos elencados pela mesma...


Compartilhando informações 

           Dependendo do interesse da criança autista, é possível que ela aprenda sozinha, assistindo a um documentário, lendo um texto ou mesmo através de outras fontes de conhecimento. Só que aqui reside mais uma limitação imposta pelo autismo: a dificuldade de comunicação e de interação social. 
         Por isso procuro demonstrar ao João Vitor que é muito melhor, muito mais gostoso quando interagimos com nossa família e com amigos compartilhando nossos interesses, porque podemos aprender e, como família, aprendemos e crescemos juntos. E com isso, todos ganham: interagimos, partilhamos ideias e ideais e principalmente, reforçamos a nossa unidade familiar...
            E o que me deixa mais satisfeita está por vir: quando o João Vitor percebe num desenho um dos temas estudados, eles nos chama para partilhar e existe maior vitória que esta? Se o autismo impões as dificuldades de comunicação e interação social, o método montessori também auxilia no sentido de trranspor essa dificuldade...


Doces vitórias...

            Relembrar de todas as dificuldades pelas quais passamos e as vitórias conquistadas ao longo desses três anos de diagnósticos são muito emocionantes... No caso do autismo, o brincar e o trabalho caminham juntos... Podemos sim modificar o futuro deles intervindo no presente... 
          Cada dificuldade que enfrentamos... cada historia de superação... as atividades em caixas sensoriais... a primeira vez que escreveu o nome dele... a primeira vez que comeu com talheres... tudo nos faz acreditar que vale a pena investir... as vezes é questão de abordagem e de atividades concretas... 
           A intenção aqui é apenas partilhar a minha experiência... Cada criança autista é única e não há receita que contemple todas as atuações com elas ou uma formula mágica que resolva todos os problemas... Muitas vezes é na tentativa de erros e acertos mesmo.. Mas sinceramente, penso que o Método Montessori deve sim ser um método a ser considerado...
  

           

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